domingo, 3 de abril de 2016

Laura Santos(1919-1981) a poetisa negra curitibana.

A primeira vista e até pelo senso comum podemos ter a impressão de que na história curitibana e paranaense figuram apenas descendentes de europeus, entretanto se observarmos melhor veremos que os afrodescendentes estiveram presentes ao longo de nossa história e prestaram grandes serviços à cidade de Curitiba e ao estado do Paraná, como por exemplo os irmãos Rebouças que se destacaram por grandes projetos no Paraná, como a construção da ferrovia Curitiba-Antonina, hoje Curitiba-Paranaguá, ou mesmo Enedina Alves Marques a primeira mulher a se formar em engenharia no estado e a primeira engenheira negra do Brasil, que teve participação, por exemplo, na construção do Colégio Estadual do Paraná (CEP) e da Casa do Estudante Universitário (CEU). Bem a história paranaense está repleta de figuras negras celebres, embora pouco apareçam em livros de história, o negro esteve presente ao longo do processo de ocupação de nosso estado, séc XVII, poderia seguir citando outros exemplos disso, contudo quero hoje destacar uma chamada Laura Santos.
Nascida em 30/11/1919, admiradora do parnasiano Olavo Bilac, aos 13 anos, Laura Santos escreveu seu primeiro soneto: "Aspiração". Cursou a Escola Normal Júlia da Costa e lecionou matemática e Língua Portuguesa no Grupo Escolar D. Pedro II, em Curitiba. Idealista, frequentou o curso de enfermagem de guerra, pensando em alistar-se pela Cruz Vermelha e prestar serviços em campos europeus durante a II Guerra Mundial. Não chegou a entrar no batalhão médico da FEB, mas ingressou por concurso, no setor de saúde pública, onde se aposentou como visitadora sanitária, orientando a comunidade a respeito de noções de higiene, puericultura e prazos de imunizações.
Em 1937 venceu um concurso promovido pela Base Aérea, com um trabalho em prosa: “História da evolução da aviação”. Teve 3 livros publicados, em 1953: "Sangue Tropical", que chegou a ser premiado pela Academia José de Alencar, "Poema da Noite" e "Desejo". Porém sua poesia permaneceu no anonimato até que a ilustre amiga Helena Kolody resgatou sua obra, em 1959 no livro “Um Século de Poesia”, elaborado pelo Centro Paranaense Feminino de Cultura. Em 1990 a Secretaria de Estado da Cultura do Paraná publicou o livro “Poemas”, uma reunião dos 3 livros da autora, no prefácio dessa antologia, Rosse Marye Bernardi, então professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), diz que os poemas de Laura “desvendam, num tênue fio biográfico, os sofrimentos de um corpo e de uma alma exasperadamente feminina. É através do corpo que lhe chegam as sensações do mundo trazido como sentimento. É através do corpo que ela tenta se comunicar com o exterior, com o outro”. Não levantava bandeiras sociais, segundo Marye Bernardi, no prefácio do livro Poemas (imagem acima), Laura, apesar de mulher batalhadora parecia se conformar com o determinismo social, não reclamando de discriminação, nem de situação econômica em seus poemas.
Laura também foi uma das fundadoras da Academia José de Alencar, em Curitiba, e os seus textos foram publicados na Gazeta do Povo e no Diário da Tarde até a década de 1980.

Poema:                                                             VOLÚPIA

Quando desperta o sol, com seus brutais desejos,
beija o meu corpo inteiro em seu delírio rubro.
Na limpidez do céu, todo desfeito em beijos
um poema sensual de róseo amor descubro.

Sob este sonho ardente e de sutis harpejos,
a natureza toda é um marmóreo delubro.
Em espasmos de gozo o deus pagão sem pejos,
sorridente se impõe pelas manhãs de outubro.

Eu, toda fluido sou, e sou toda elastério,
na ondulação febril de profundo mistério
que vem na voz do vento e na luz do horizonte.

Som que cresce na chama aurífica da aurora,
que é da volúpia a voz veludínea e sonora,
e desliza em meu sangue, em coleios de fonte.

Fontes:
Rocha, Claudecir de Oliveira. Laura Santos e a arte do incontrolável desejo. Cândido – Jornal da Biblioteca Pública do Paraná. Disponível em: <http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=997>. Acesso em: 30/03/2016.
Millarch, Aramis. O romantismo de Laura, poeta negra da cidade,1990, Disponível em:<http://www.millarch.org/artigo/o-romantismo-de-laura-poeta-negra-da-cidade>. Acesso em 30/03/2016.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

A História da Troika

Para meu caros alunos que desejam entender melhor e com mais detalhes a crise na Grécia, posto este vídeo, muito interessante, que nos apresenta a Troika.